Nos deixou no dia 14 de abril, o Conselheiro Estadual da OAB/MT, ex membro do Tribunal de Ética e Disciplina desta Seccional e ex Presidente da subseção de Mirassol D'Oeste por dois mandatos, Jurandir de Souza Freire (foto ao lado).
O Vovô Jurandir - como costumávamos chamar nossa decano - chegava a todas as sessões do Conselho Seccional com aquele sorriso largo e a simpatia estampada no rosto, como diria a canção.
O sorriso e a simpatia eram características próprias daquele advogado septuagenário, que esbanjava vitalidade e a canalizava para o desempenho de uma advocacia ética e devotada.
Há tempos, além de advogar, doava parte de seu tempo à Ordem dos Advogados do Brasil, porque era definitivamente um apaixonado pela profissão e pelas causas institucionais e classistas defendidas pela Ordem.
Tenho certeza que o Vovô Jurandir, assim como Santo Agostinho, em "A Morte não é Nada", gostaria que após a sua passagem, nós, seus companheiros, não utilizássemos um tom solene ou triste e, mais que isso, continuássemos a rir daquilo que nos fazia rir juntos. E não foram poucos os momentos de alegria que passamos juntos, compartilhando sua companhia, seu conhecimento e sabedoria.
Que assim seja, portanto. Lembremos-nos dele como este exemplo de pessoa e de profissional devotado à advocacia e às causas da Ordem dos Advogados do Brasil.
Recentemente, quando da inauguração das ampliações físicas e funcionais do escritório modelo, na sede da Escola Superior da Advocacia, o sempre bem humorado Jurandir falou aos jovens advogados, lhes contando de sua trajetória como advogado e como dirigente de Ordem, ao final os exortando a participar da vida da OAB/MT.
Naquela oportunidade, narrava aos jovens profissionais que um mês antes foi surpreendido por um mau súbito que o levara a ficar inconsciente no hospital, ocasião em que descobriu que o advogado deve exercer sua profissão em todos os momentos, ainda que nos mais difíceis.
Contava, com brilho nos olhos e riqueza de detalhes, que ao chegar aos céus, percebeu que estavam lhe querendo levar do convívio dos seus. Como achava ainda muito cedo para ir, resolveu recorrer da decisão e aguardar pacientemente pela decisão, que lhe foi favorável, tendo sido determinado que voltasse imediatamente, em razão do preenchimento dos requisitos para concessão da liminar.
Quando os jovens advogados, embasbacados com a habilidade e com o carisma do Vovô Jurandir, achavam que a estória havia acabado, veio a pérola do nosso decano, que assim completou: "Antes mesmo de devolver a liminar ao anjo que me notificou, virei de costas e voltei rápido, pois tinha receio que a decisão fosse revogada."
Era assim que Jurandir levava a vida, com bom humor, com dedicação à advocacia e à Ordem dos Advogados do Brasil e, principalmente, sendo exemplo e estímulo aos mais jovens.
Pena que desta última decisão dos céus não caiba mais recurso.
Maurício Aude é vice-presidente da OAB/MT.